A primeira cirurgia robótica pediátrica da Bahia foi realizada ontem (6) no Hospital Santa Izabel. A garota de apenas quatro anos foi a paciente de menor peso a ser submetida a uma cirurgia robótica no Norte-Nordeste desde a chegada do robô Da Vinci à região. Com o auxílio da tecnologia, a equipe capitaneada pelo urologista-cirurgião Nilo Jorge Leão retirou um tumor de seis centímetros localizado em uma área super delicada da glândula suprarrenal da pequena paciente. A operação, que durou uma hora e meia, foi um sucesso.
“O fato do tumor se localizar próximo à veia cava, a principal do corpo humano, nos preocupava”, destacou o médico, que é coordenador do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR). Se o procedimento fosse feito da maneira convencional, seria necessário fazer uma grande abertura do tórax e do abdome, o que acarretaria um pós-operatório com muita dor e bastante risco de sangramento. “Com a plataforma robótica, porém, fizemos apenas pequenas incisões e, devido a todas as vantagens agregadas à plataforma robótica, tivemos uma cirurgia de apenas uma hora e meia muito bem-sucedida”, celebrou o coordenador do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), Nilo Jorge Leão.
O caso foi especial para o médico por algumas razões: primeiro, por ele ter uma filha da mesma idade da paciente. Segundo, por seu histórico familiar, já que o seu pai, Nilo Leão, presente no procedimento, foi pioneiro na urologia pediátrica no Norte-Nordeste. Além disso, o avô de Nilo Jorge Leão, Jorge Bahia, se destacou pelo pioneirismo na cirurgia pediátrica da Bahia, tendo sido, inclusive, diretor do Hospital Martagão Gesteira e um dos fundadores do Grupo de Apoio à Criança com Câncer da Bahia. “Muito me orgulha a honra de carregar o nome de ambos e de ser o primeiro cirurgião a realizar uma cirurgia robótica pediátrica na Bahia. Tudo o que queria era curar aquela garotinha e deixá-la bem. Espero que sua recuperação seja muito rápida e sei que a utilização da técnica robótica em muito contribuirá para isso”, declarou Nilo Jorge Leão.
Benefícios – Conhecida como Da Vinci, a ferramenta tecnológica utilizada pela primeira vez para tratar uma criança na Bahia funciona através de um console, com uma série de recursos que incluem a visão tridimensional e mais nítida, ampliada em dez vezes quando comparada à cirurgia convencional aberta. A filtragem de tremores das mãos dão ao médico mais precisão durante o procedimento. Além disso, a utilização do robô representa menos riscos de complicações, menores taxas de sangramento, menor dor no pós-operatório e recuperação mais rápida para o paciente. “A impressão que temos é a de que colocamos a cabeça dentro do corpo humano, o que nos permite enxergar todas as estruturas nobres de maneira precisa, amplificada e tridimensional”, detalhou Nilo Jorge Leão.
O médico destaca que para o sucesso do procedimento, ele contou com o imenso apoio dos cirurgiões-urologistas Nilo Leão e Leonardo Calazans; dos anestesiologistas Murilo Flores e Márcio Brugni; da instrumentadora Daniela Vieira e da equipe de enfermagem do Hospital Santa Izabel, além da colaboração do Hospital AC Camargo de São Paulo, que cedeu material em empréstimo de amizade para realização do procedimento e do estímulo do médico Gustavo Guimarães, seu mentor e a pessoa que mais o incentivou a acreditar que a cirurgia robótica era a opção certa paro o caso.
Sobre o IBCR – Ampliar o conhecimento sobre a cirurgia robótica a fim de difundir a tecnologia e torná-la acessível ao maior número possível de pacientes são os objetivos do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), lançado em junho deste ano. Para alcançá-lo, o IBCR oferece proctorias voltadas para a qualificação, orientação e suporte de médicos interessados em operar com o auxílio do robô Da Vinci, tecnologia que chegou à capital baiana este ano e que representa a forma mais moderna de abordagem cirúrgica minimamente invasiva.